Tomaram posse na última terça-feira (31/10), na sede do Iepha-MG, em Belo Horizonte, 11 novos integrantes do Conselho Estadual do Patrimônio Cultural de Minas Gerais – Conep. Neste encontro o Conselho aprovou, por maioria, o tombamento da Ruína da Capela de Mocambinho, localizada no município de Jaíba, norte do estado.
A presidente do Iepha-MG, Michele Arroyo, destacou a importância desses tombamentos para Minas Gerais. “É um trabalho iniciado nos anos 80 que se conclui depois de muitos anos e que abre uma perspectiva de uma nova apropriação, ressignificação e conhecimento dessa região pela comunidade local e pela comunidade próxima. É de extrema importância, para toda a população mineira, o reconhecimento dessa região do estado”.
É um trabalho iniciado nos anos 80 que se conclui depois de muitos anos e que abre uma perspectiva de uma nova apropriação, ressignificação e conhecimento dessa região pela comunidade local e pela comunidade próxima. É de extrema importância, para toda a população mineira, o reconhecimento dessa região do estado.
Ruína da Capela de Mocambinho
Localizada no município de Jaíba, no norte do estado, a ruína da capela de Mocambinho possui importante valor histórico e cultural. Acredita-se que ela pertença à igreja do arraial de Matias Cardoso ou do Retiro, denominada como igreja de Nossa Senhora do Bom Sucesso do Retiro, que foi abandonada devido às enchentes do rio São Francisco. Estima-se que a sua construção tenha se dado entre a segunda metade do século XVII e princípio do século XVIII.
A ruína de Mocambinho testemunha, portanto, o período da conquista, pelos paulistas e baianos, dos territórios ao longo do rio São Francisco, no início do século XVIII, quando as áreas de mineração estavam em processo inicial de descobertas e de povoamento em Minas Gerais. Além disso, documenta a presença da igreja católica no processo de colonização.
Já a implantação do edifício no terreno, o seu característico projeto arquitetônico e todas as particularidades do sistema construtivo utilizado, sobretudo no que se refere ao ainda pouco investigado uso de tijolos em território mineiro, documenta o tráfego de influências culturais pela região do São Francisco e o emprego de conhecimento e de mão de obra experientes na adequação aos materiais existentes na região.
Com o tombamento da ruína busca-se reconhecer e valorizar a dinâmica histórica que levou à ocupação e organização da região norte-mineira e conformação das identidades, memórias e sentidos compartilhados pela comunidade local. Além disto, acredita-se que com o tombamento da ruína, sejam ampliadas as possibilidades de concretização, mediante planejamento e gestão adequados, da potencialização de valores até agora latentes, relacionados à sua utilização como atrativo turístico, fundamento e base para outras atividades sociais, inclusive geradoras de renda.
COMPOSIÇÃO DO CONEP
O Conselho Estadual do Patrimônio Cultural é composto, pelo presidente representado pelo Secretário de Estado de Cultura e o secretário-executivo pelo presidente do Iepha-MG, e integram os quatro representantes de Secretarias de Estado, quatro da sociedade civil detentores de notório saber e de experiência na área de patrimônio cultural material e/ou imaterial e um membro de cada uma das seguintes instituições: Iepha-MG, Assembleia Legislativa, Iphan-MG, UFMG, UEMG, Instituto dos Arquitetos do Brasil-MG, Ordem dos Advogados do Brasil-MG, Associação Nacional de História-MG, Associação Brasileira de Conservadores e Restauradores de Bens Culturais, Associação Mineira de Municípios e Organização de Defesa do Patrimônio Cultural de Minas Gerais.
O Conep é um órgão colegiado, deliberativo, subordinado à Secretaria de Estado de Cultura, e compete a ele, dentre outras responsabilidades, decidir sobre a proteção, diretrizes e salvaguarda do patrimônio cultural do Estado de Minas Gerais. O mandato dos atuais conselheiros será até 2019.